Entender emoções de animais ajuda a tratar depressão, diz pesquisador
 do UOL 08/04/201406h00 
Lilian Ferreira*
Do UOL, em Montreal
Jaak Pankseepp, professor do Departamento de Neurociência Integrativa do Colégio Veterinário de Medicina da Universidade de Washington, é uma das vozes mais ativas no estudo de emoções em animais.
Mas não é seu interesse pelos bichos que os faz estuda-los, mas sim a busca por novos meios de tratar depressão e outras doenças neurológicas em humanos. Para o pesquisador, os estudos estão muito focados nos sentimentos, que seriam a racionalização de emoções básicas. E estas emoções seriam compartilhadas entre todos os mamíferos, incluindo o homem, explica em apresentação no Congresso Cérebro, Comportamento e Emoções que ocorre em Montreal, no Canadá, de 7 a 9 de abril.
Assim, tratamentos deveriam focar na busca pelo "entusiasmo de viver", como ele chama, e para isto podem ser utilizados métodos como a estimulação profunda do cérebro ou o uso de opioides.
"É preciso levar a mente do animal seriamente. Animais obviamente sentem emoções. O argumento de empatia foi usado para começar a estudar, mas agora estamos buscando os argumentos científicos. se entendermos os sentimentos básicos deles, entenderemos os nossos também", diz.
Nova pesquisa detectou que os cães se comunicam pelo lado que seu rabo está balançando. Cientistas observaram que os cachorros, ao verem cães sem expressão facial que balançavam o rabo para a direita que indica felicidade, mantiveram-se relaxados. No entanto, ao se depararem com um cão que abanava seu rabo para a esquerda que mostra ansiedade, os cães imediatamente ficavam ansiosos e seus batimentos cardíacos aceleravam.
Que emoção está realmente no cérebro?
O pesquisador diz que o cérebro de animais reconhece somente emoções boas ou ruins, que são como circuitos cerebrais de recompensa ou punição. 
Assim, ele pontua sete emoções primitivas básicas, que seriam a busca, a raiva, o medo, a luxuria, o cuidado, o pânico e a brincadeira. A raiva, o medo e o pânico estão ligados à punição, enquanto a luxúria, o cuidado e a brincadeira são relacionados a recompensas.
A busca estaria ligada ao sentimento de entusiasmo, a raiva à ira, o medo à ansiedade, a luxúria ao tesão, os cuidados com a ternura e o amor, o pânico à solidão e a tristeza, e o brincar à alegria.
Para Pankseepp, devemos parar de criar remédios para tratar como doenças sentimentos como ansiedade, solidão, e a busca por alegria e prazer, e darmos atenção emoções primitivas. "A dor psicológica acontece quando há muito pânico em seu sistema", por exemplo.
Assim, colocar mais brincadeiras no cotidiano talvez seja um tratamento possível para depressão.  "A busca por mais alegria na vida [seria um caminho]. Um comportamento brincalhão levaria a uma vida mais alegre".
Em pesquisa feita com ratos, ele descobriu que esses animais riem quando acariciados e gostam do toque humano. Em um experimento de dois minutos com os animais, o pesquisador alternava 15 segundos de cócegas com 15 segundos sem toque, e percebeu que a ativação dos centros cerebrais de prazer era intensa por uma hora.
Em alguns casos, a atividade nesses locais mantinha-se em grande intensidade até seis horas após o teste. Além disso, os ratos produziam ondas sonoras de 50 Khz. Essa mesma onda poderia ser usada para estimulação cerebral profunda, por exemplo, para gerar o mesmo efeito positivo.
"O contato social pode ser viciante", dispara. "O contato gera um tipo de conforto que libera opioides e provoca uma sensação de segurança".
Ele divide o processo emotivo em três partes, o primário são as emoções, os instintos; o secundário são as emoções aprendidas, enquanto o terciário seriam as emoções sociais.
"O processo primário é o que mais influencia quando você está crescendo, é o que diz como sobreviver até estar adulto e estar cheio de pensamentos e com seu desenvolvimento cognitivo completo, a consciência".
*A jornalista viajou a convite do Congresso Cérebro, Comportamento e Emoções

UOL 08/04/2014 06h00 
Lilian Ferreira*Do UOL, em Montreal


Jaak Pankseepp, professor do Departamento de Neurociência Integrativa do Colégio Veterinário de Medicina da Universidade de Washington, é uma das vozes mais ativas no estudo de emoções em animais.

Mas não é seu interesse pelos bichos que os faz estuda-los, mas sim a busca por novos meios de tratar depressão e outras doenças neurológicas em humanos. Para o pesquisador, os estudos estão muito focados nos sentimentos, que seriam a racionalização de emoções básicas. E estas emoções seriam compartilhadas entre todos os mamíferos, incluindo o homem, explica em apresentação no Congresso Cérebro, Comportamento e Emoções que ocorre em Montreal, no Canadá, de 7 a 9 de abril.

Assim, tratamentos deveriam focar na busca pelo "entusiasmo de viver", como ele chama, e para isto podem ser utilizados métodos como a estimulação profunda do cérebro ou o uso de opioides.

"É preciso levar a mente do animal seriamente. Animais obviamente sentem emoções. O argumento de empatia foi usado para começar a estudar, mas agora estamos buscando os argumentos científicos. Se entendermos os sentimentos básicos deles, entenderemos os nossos também", diz.

Nova pesquisa detectou que os cães se comunicam pelo lado que seu rabo está balançando.

Cientistas observaram que os cachorros, ao verem cães sem expressão facial que balançavam o rabo para a direita que indica felicidade, mantiveram-se relaxados. No entanto, ao se depararem com um cão que abanava seu rabo para a esquerda que mostra ansiedade, os cães imediatamente ficavam ansiosos e seus batimentos cardíacos aceleravam.

Que emoção está realmente no cérebro?

O pesquisador diz que o cérebro de animais reconhece somente emoções boas ou ruins, que são como circuitos cerebrais de recompensa ou punição. 

Assim, ele pontua sete emoções primitivas básicas, que seriam a busca, a raiva, o medo, a luxuria, o cuidado, o pânico e a brincadeira. A raiva, o medo e o pânico estão ligados à punição, enquanto a luxúria, o cuidado e a brincadeira são relacionados a recompensas.

A busca estaria ligada ao sentimento de entusiasmo, a raiva à ira, o medo à ansiedade, a luxúria ao tesão, os cuidados com a ternura e o amor, o pânico à solidão e a tristeza, e o brincar à alegria.

Para Pankseepp, devemos parar de criar remédios para tratar como doenças sentimentos como ansiedade, solidão, e a busca por alegria e prazer, e darmos atenção emoções primitivas. "A dor psicológica acontece quando há muito pânico em seu sistema", por exemplo.

Assim, colocar mais brincadeiras no cotidiano talvez seja um tratamento possível para depressão.  "A busca por mais alegria na vida [seria um caminho]. Um comportamento brincalhão levaria a uma vida mais alegre".

Em pesquisa feita com ratos, ele descobriu que esses animais riem quando acariciados e gostam do toque humano. Em um experimento de dois minutos com os animais, o pesquisador alternava 15 segundos de cócegas com 15 segundos sem toque, e percebeu que a ativação dos centros cerebrais de prazer era intensa por uma hora.

Em alguns casos, a atividade nesses locais mantinha-se em grande intensidade até seis horas após o teste. Além disso, os ratos produziam ondas sonoras de 50 Khz. Essa mesma onda poderia ser usada para estimulação cerebral profunda, por exemplo, para gerar o mesmo efeito positivo.

"O contato social pode ser viciante", dispara. "O contato gera um tipo de conforto que libera opioides e provoca uma sensação de segurança".

Ele divide o processo emotivo em três partes, o primário são as emoções, os instintos; o secundário são as emoções aprendidas, enquanto o terciário seriam as emoções sociais.

"O processo primário é o que mais influencia quando você está crescendo, é o que diz como sobreviver até estar adulto e estar cheio de pensamentos e com seu desenvolvimento cognitivo completo, a consciência".

*A jornalista viajou a convite do Congresso Cérebro, Comportamento e Emoções

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