Barbatimão (Stryphnodendron adstringens) usado como antidiarréico e anti-hemorrágico

Barbatimão (Stryphnodendron adstringens)

Estamos diante de uma das plantas medicinais brasileiras mais conhecidas pelos raizeiros e profissionais de saúde que trabalham com ervas medicinais. O barbatimão é uma arbórea nativa dos cerrados brasileiros, muito difundida na região Norte, Centro-oeste, Nordeste e Sudeste. Planta perene que pode atingir de dois a seis metros de altura, com copa arredondada, floresce entre os meses de outubro a fevereiro, com a produção de vagens entre outubro e março. O pólen produzido pelas suas flores é tóxico para as abelhas não devendo ser iniciada a apicultura onde existe uma grande incidência de barbatimão.

Suas vagens são tóxicas ao gado, que durante a seca, pela falta de capim, costumam se alimentar de suas folhas e das vagens caídas ao solo. Por outro lado, o gado também serve para a dispersão da espécie, pois ao defecar suas sementes, estas acabam germinando no estrume, aumentando a incidência no pasto.

Há algumas décadas atrás, o Barbatimão era muito procurado pelos curtumes, pois utilizavam suas cascas no processo de curtimento de couro. Os taninos que estão presentes em até 30% em suas cascas, possuem a capacidade de transformar a proteína animal em couro. Esta coleta desenfreada levou à diminuição significativa desta espécie em algumas regiões. Alem isso, a ocupação irresponsável dos cerrados brasileiros acabou reduzindo significativamente a presença do barbatimão entre nós.

Foram os índios que primeiramente utilizaram esta planta em sues rituais de cura. Era conhecida como yba timó, que significa "árvore que aperta", isto devido à grande ação adstringente que possui. Já era utilizada pelos pajés como planta cicatrizante e antiinflamatória, conhecimento este que foi passado aos caboclos e acabou chegando até aos centros de pesquisa da atualidade.

Popularmente é uma planta muito empregada como cicatrizante, principalmente pelas pessoas do campo, em feridas ou machucados em animais. As pessoas costumam fazer um chá bem forte de suas cascas e banhar o local de duas a três vezes ao dia. Ou então pegam as cascas, moem e pulverizam em cima do machucado. Por ser adstringente, eliminam a água de dentro das células, provocando uma contração das fibras. Isto facilita a cicatrização, diminuindo a hemorragia. É um grande agente anti-séptico já comprovado cientificamente, combatendo bactérias e fungos.

Em casos de escaras de decúbito existe um trabalho mostrando os resultados surpreendentes na cicatrização, sendo que em até 80% dos casos as escaras cicatrizam em poucas semanas.

Internamente o barbatimão é usado para o tratamento de úlceras e gastrites, fazendo parte de muitas garrafadas para estes fins. Mas alguns trabalhos têm demonstrado que para poder atingir estes resultados devemos usar em baixas dosagens e por um período muito curto, caso contrario os taninos irão começas a irritar a mucosa gástrica.

Devido a sua grande ação anti-séptica é muito empregado em lavagens vaginais para os casos de leucorréria, infecções vaginais, irritações e feridas. Uma outra alternativa mais prática para os dias atuais poderia ser os géis ou cremes vaginais de barbatimão.

Este é mais um exemplo de nossa riqueza botânica, que uma vez explorada com racionalidade pode trazer inúmeros benefícios à comunidade.



Ademar Menezes Junior

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Comentários

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• Luciano Freitas
Hoje li um post no Facebook que está planta combate o Codiv. É verdade?
⇒ Oficina de Ervas: Olá Luciano. Como é um vírus novo, ainda não existem estudos de plantas que auxilem no tratamento. O melhor remédio no momento é a prevenção. Estamos a disposição.


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